Protestos de junho de 2013

Mais uma grande manifestação estava marcada no Rio de Janeiro, para 20 de junho de 2013, a sexta do mês. Nesse dia, o comércio do Centro fechou suas portas mais cedo. Lojistas temiam que as cenas de violência dos protestos anteriores se repetissem. Àquela altura, as Jornadas de Junho já podiam ser consideradas vitoriosas. No dia anterior, o aumento na tarifa do transporte público fora revogado em diversas capitais do país, inclusive no Rio.

Anonymous no plural: manifestantes usam a máscara popularizada pelo protagonista da HQ e filme V, de Vingança.
Foto de Eduardo Arraes. Rio de Janeiro, 17 de junho de 2013. Imagem em domínio público, Wikimedia Commons.

As passeatas de junho, no entanto, extrapolaram sua pauta inicial – a redução do preço das passagens de ônibus –, para representar uma possibilidade real de pressionar o poder público e mudar a estrutura política do país. Entre as novidades trazidas pelas Jornadas, estão a mobilização por redes sociais, câmeras de celular usadas para denunciar a violência policial e a ação de infiltrados na marcha e a presença do grupo radical Blackbloc, com suas táticas de depredação de bancos e outros símbolos do capitalismo.

No dia 20, as passeatas de junho alcançaram seu ápice, quando uma multidão estimada em 1,2 milhão de pessoas marchou pela avenida Presidente Vargas, no centro do Rio. Foi a maior manifestação da história da capital carioca e do país. O protesto seguiu o roteiro dos atos anteriores e seguiu pacífico até um certo ponto.

Da Candelária para além da Central do Brasil: centenas de milhares de pessoas tomaram a avenida Presidente Vargas. Foto de Pablo Jacob.
Rio de Janeiro, 20 de junho de 2013. Agência o Globo

Próximo à sede da prefeitura, houve corre-corre e quebra-quebra generalizados. Polícia e imprensa culparam o vandalismo de manifestantes; testemunhas garantiram que a Polícia Militar agredia sem distinção. Um confronto desequilibrado: de um lado blindados, cavalaria, bombas e bala de borracha; do outro, paus, pedras e bolinhas de gude. Tapumes que protegiam as vidraças das lojas serviram de escudo e barricadas para os manifestantes.

As imediações da Cidade Nova e a região da Lapa viraram locais de confronto aberto. O gás das bombas lançadas pela polícia não distinguia quem estava ou não no protesto, e a sensação nauseante foi sentida inclusive por pacientes do Hospital Souza Aguiar, próximo ao Campo de Santana – onde a população tentava se esconder da repressão policial.

Manifestação contra aumento da passagem de ônibus no centro da cidade termina em violência na Alerj e saque de lojas.
Foto de Marcelo Carnaval, 17/06/2013 – Agência O Globo

A violência dos confrontos e o volume dos protestos foram as principais marcas das passeatas em 2013. Mas, acima de tudo, as Jornadas de Junho representaram o batismo político para uma geração que, até então, não havia experimentado a força mobilizadora de um ato público daquela magnitude.

Este texto foi elaborado pelo pesquisador Davi Aroeira Kacowicz do Projeto República (UFMG).

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