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Ex-contador de Auschwitz vai ser preso aos 96 anos, diz MP alemão

Oskar Gröning foi declarado apto a cumprir condenação em regime fechado
Oskar Groening chega a seu julgamento em Lueneburg, na Alemanha Foto: Markus Schreiber / AP
Oskar Groening chega a seu julgamento em Lueneburg, na Alemanha Foto: Markus Schreiber / AP

BERLIM — Ex-contador do campo de extermínio de Auschwitz e sargento da polícia nazista, Oskar Gröning foi declarado apto para cumprir a condenação de quatro anos de prisão, apesar da idade de 96 anos, informou à AFP o Ministério Público alemão.

"A Procuradoria rejeitou um pedido da defesa para comutar a pena por uma condenação com suspensão condicional", anunciou Kathrin Söfker, porta-voz do MP de Hannover.

A decisão foi tomada depois que Gröning passou por exames médicos. "O médico concluiu que a detenção é factível, caso sejam cumpridas determinadas condições", explicou Söfker.

O centro de detenção terá que dispor de equipamentos e tratamentos adequados para o preso.  A execução da condenação ainda não foi determinada, e a Procuradoria ainda deve se pronunciar.

Em 2015, Gröning foi condenado a quatro anos de prisão por "cumplicidade" no assassinato de 300 mil judeus. Durante o julgamento, ele pediu desculpas e reconheceu uma "falha moral".  O advogado do ex-sargento da SS, exército do governo nazista, confirmou que seu cliente teve sua senteça ratificada pela corte federal por ter sido um "acessório" na morte.

ACESSÓRIO NAS MORTES

Foi a primeira vez que um recurso negado confirmou uma sentença determinada sob a lógica de que simplesmente ter servido em um campo de extermínio e ajudado o sistema a funcionar era fato suficiente para condenar alguém pelas mortes ali cometidas.

Groening ficou conhecido como o "contador de Auschwitz" por ter tido a função de documentar e confiscar os pertences das vítimas que chegavam ao campo — contando moedas de vários países europeus, por exemplo, que ajudaram a financiar as atividades nazistas.

Nos últimos anos, vários ex-nazistas foram julgados por fatos similares na Alemanha, ilustrando o maior rigor da justiça alemã com os crimes, após anos de relativa indulgência.

Quase 1,1 milhão de pessoas, incluindo um milhão de judeus, morreram no campo de Auschwitz-Birkenau entre 1940 e 1945.