Como aumentamos em 4x o número de mulheres em tecnologia na Resultados Digitais

O ano de 2019 foi um ano intenso de emoções, projetos, ações e conquistas na minha vida. Escrevi um novo tour of duty depois de 10 anos na área de Recrutamento de Tecnologia, corri muito para poder conciliar todos os desafios que a maternidade diariamente traz, fiz novos amigos, descobri o poder da respiração, meditação e do Pilates. Mas durante todo o ano passado, uma ação em especial aqueceu meu coração: A contratação de mulheres em tecnologia.

Sempre digo que todo mundo deveria ter uma causa pela qual lutar, e essa com certeza é a minha! Como Headhunter já lidei com muitas mães inseguras para voltar ao mercado de trabalho, com muitas mulheres sofrendo da Síndrome do Impostor quando eram incríveis, muitas abandonando a carreira ou sendo demitidas após voltar de licença maternidade. Também conheci histórias diversas, vi traços de assédio, machismo, tristeza e descrença em suas carreiras. Me sentia triste e me dedicava muito para poder ajudar em algo.

Foi então que em Janeiro de 2018, quando entrei na RD, que além de ver o que realmente é uma Cultura Corporativa de alto impacto, conheci mulheres incríveis que lutavam para ter seu lugar ao sol. E mesmo sem ser Desenvolvedora de software, UX ou Product Manager me senti em casa.

A luta, minhas companheiras, foi longa! Lá em 2018 já tínhamos essa “meta” na área, mas uma meta sem propósito, não engaja ninguém. E só em 2019 é que realmente nos unimos para atacar diversidade de gênero no time. E começamos com estes 4 passos:

1. Conscientização da Liderança: Para mudar um cenário, é preciso educação, é preciso interesse, entendimento e disponibilidade. Mas além de tudo, é preciso empatia com a causa e buscar entender o impacto no time, vincular com as necessidades da área e engajar a liderança — foi assim que iniciamos, de coordenadores à heads na mesma luta!
2. Hunting Intencional: Mudar a rotina de um time para fazer hunting intencional de mulheres é um desafio e tanto na dinâmica e nos resultados da área de recrutamento. Mapeamento de mulheres, avaliação de potencial, proporcionar uma boa e REAL experiência, processo seletivo justo e inclusivo e treinamento de entrevistadoras, são parte desse sucesso.
3. Apostar no potencial e formar: Quando olhamos o funil de pessoas candidatas a vagas de tecnologia, não é nenhuma surpresa que temos mais homens que mulheres. Quanto menos mulheres se formam e escolhem tecnologia, menos mulheres temos no final do funil de hiring, logo, a cada 10 pessoas finalistas 1 é mulher (e olhe lá). Entender que é no topo do funil que temos mais mulheres (se aplicando nas vagas) e ter o compromisso quanto empresa e quanto liderança de formar e desenvolver mulheres é que vai fazer as coisas andarem.
4. Preparar o ambiente: Dizem que contratar mulher em tecnologia é fácil, o difícil é manter. Esta afirmação não tem gênero: seja homem ou mulher, se o ambiente de trabalho não for legal, ninguém vai ficar (e você, líder, que lute com o turnover). Contudo, fazer um bom diagnóstico de como está a área, aplicar uma boa e sincera pesquisa ou ter conversas com o grupo (homens e mulheres), montar um plano de ação de mudanças/melhorias e realmente começar a fortalecer o ambiente inclusivo, consciente e respeitoso para mulheres é um fator chave nessa operação.

Estamos só no começo, nossa comunidade #tech-girls está cada vez mais unida, com cada vez mais mulheres apoiando no desenvolvimento de outras. Temos como compromisso também conscientizar lideranças, colegas de trabalho (em sua maioria homens), criar um ambiente melhor para todxs trabalharem. Mas além disso, temos o compromisso quanto grupo, de mudar a realidade do cenário de mulheres de tecnologia no Brasil, focando em formação de novas mulheres, publicando conteúdo técnico e prático, compartilhando conhecimento com meninas que estão no começo da carreira e com mulheres que querem trocar de carreira.

Só posso encerrar dizendo que tenho muito orgulho dessas gurias! Formamos um time sensacional composto por mulheres reais, com vidas reais e com lutas reais.

A luta continua…

*Guria: expressão do Sul do Brasil para se referir a mulheres/meninas.