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Treinamento antiterrorismo vira programa turístico na Cisjordânia

Centro militar em assentamento israelense tem atividades como tiros e krav maga
Instrutor israelense ensina a uma turista como empunhar uma arma no Caliber 3, centro de treinamento antiterrorismo na Cisjordânia Foto: NIR ELIAS / REUTERS
Instrutor israelense ensina a uma turista como empunhar uma arma no Caliber 3, centro de treinamento antiterrorismo na Cisjordânia Foto: NIR ELIAS / REUTERS

RIO - Se a simulação de um tiroteio com reféns em um mercado não é seu programa de férias ideal, passe longe do Caliber 3, na Cisjordânia. Esse centro de treinamento militar transformou o combate do Exército de Israel ao terrorismo em atração turística.

Atirar com um fuzil ou praticar krav maga são apenas duas das atividades pouco pacatas oferecidas no espaço, que funciona no assentamento israelense de Gush Etzion, uma área reivindicada por palestinos, a 15 quilômetros de Jerusalém.

Criado em 2003 por oficiais da reserva israelenses para qualificar agentes de segurança dos assentamentos, o Caliber 3 oferece esse turismo de experiência desde 2009. No pacote convencional, chamado Shooting Adventure, o visitante assiste a uma palestra ministrada por ex-militares israelenses, simula treinamento com armas de mentira (incluindo armas de pressão) e assistem à tal simulação do ataque a um mercado, onde as forças de segurança demonstram diversas formas de frustrar as intenções do terrorista de diversas maneiras. Tem duração de duas horas e custa US$ 115 (crianças pagam US$ 85).

Há outras atividades extras, como paintball, tiro ao alvo com fuzis, rapel combinado com tiro, aulas de defesa pessoal usando a técnica dos militares de Israel e até um treinamento de sobrevivência, de dois dias de duração.

Entre os visitantes internacionais, a maior parte é dos Estados Unidos, mas há grande procura também entre turistas chineses, japoneses, indianos e da América do Sul. É um programa que atrai famílias inteiras. Para o programa padrão, não há idade mínima. Mas para o tiro ao alvo, com armas de fogo reais, é preciso ter pelo menos 18 anos.

A atração, claro, é polêmica e suscita reações contrárias por parte dos palestinos. Um deles é Yasser Sobih, prefeito da cidade palestina de Al-Khader, vizinha ao assentamento israelense.

"A participação de turistas em treinamentos nesses campos construídos em terras palestinas ocupadas significa que eles apoiam essa ocupação, e nós pedimos para que eles parem com isso", disse, à Reuters.

Também à agência de notícias, o líder do grupo Peace Now, contrário aos assentamentos, Yotam Yaakoba, diz que considera o empreendimento "uma cínica e inapropriada maneira de ganhar dinheiro com o conflito entre israelenses e palestinos".