ID: 72203050
 
Diário de Notícias
14-11-2017
País: Portugal
Âmbito: Informação Geral

É o fim da picada diária para 15 mil doentes com diabetes tipo I

Éofimda picada diária para 15 mil doentes com diabetes tipo I Saúde. Há um milhão de portugueses diagnosticados e 500 mil que não sabem que têm a doença. Hoje é o Dia Mundial da Diabetes Picada é substituída por um sistema de monitorização que mede automaticamente nivele de glicose Doença está a aumentar na gravidez.
Afeta uma em cada sete grávidas JOANA CAPUCHO A viver com diabetes tipo 1 há 24 anos, Paula Kiose, de 36, vê-se obrigada a fazer sucessivas picadas para medir a glicose ao longo do dia. São entre oito e 12 diariamente. "É uma questão de hábito, mas daro que preferia não ter de o fazer.
Já não me dói, mas nas crianças mais pequenas e no inicio é um choque", diz a presidente da Associação dos Jovens Diabéticos de Portugal (AJDP), que ontem ficou a saber pelo DN que o Estado vai comparticipar em 85% o dispositivo médico FreeStyle Libre, um medidor de glicose que evita as picadas diárias. Uma novidade divulgada na véspera do Dia Mundial da Diabetes.
Em comunicado, o Infarmed adiantou que "o acordo estabelecido com a empresa Abbott prevê o tratamento de cerca de 15 mil diabéticos tipo I durante o primeiro ano". De acordo com aAutoridade Nacional do Medicamento, "todas as crianças com mais de quatro anos serão beneficiadas com este dispositivo". Uma medida de "extrema importância", refere Paula Klose: "É uma noticia fantástica.
Este aparelho permite uma melhoria significativa no controlo da diabetes, o que leva a uma maior qualidade de vida" Como o dispositivo tem um custo inicial de aproximadamente 170 euros e mensal de 120, "só estava acessível para pessoas com muito dinheiro". A presidente da AJPC espera que, no futuro, a comparticipação possa abranger todos os doentes com diabetes tipo 1. "Não se sabe ao certo quantos são, mas é estimado que sejam entre 30 e 50 mil", adianta.
ibmbém a comunidade médica aguardava com expectativa que o Infarmed concluísse as negociações para o financiamento do aparelho. "Fazer o controlo do açúcar sem ser preciso picar o dedo é realmente uma evolução extraordinária. É caro para as pessoas, mas para o Serviço Nacional de Saúde compensa, uma vez que estas pessoas consumiam muitas tiras de glicemia. Não é nenhum preço exorbitante", afirma ao DN Rui Duarte, presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia.
Segundo o Infarmed, este sistema "garante um maior controlo das hipoglicemias (baixas de açúcar no sangue) e pode disponibilizar uma imagem da glicemia do doente correspondente ao período de 24 horas". Há uni sensor que é aplicado "na parte posterior do braço e armazena os dados de glicose continuamente durante até 14 dias".
Doença afeta um milhio Em Portugal, a diabetes afeta um milhão de pessoas, mas haverá cerca de meio milhão que tem a doença e não sabe. "Há uma falha num grupo que tem entre 45 e 65 anos, porque este não vai ao médico", destaca Estevão Pape, coordenador do Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, reforçando que é necessário ter "uma atitude saudável perante a vida" para prevenir a doença. Além disso, frisa o especialista, é necessário "ir com regularidade ao médico de família para que haja diagnóstico precoce".
*urra A obesidade e o facto de as mulheres engravidarem cada vez mais tarde está a fazer que aumente o número de casos de diabetes gestacional. Em Portugal, é estimado que esta patologia afete uma em cada sete grávidas. Complicação que geralmente acaba quando a mulher dá à luz, mas que aumenta o risco devir a ter diabetes tipo 2 no futuro.
Embora tenha uma prevalência maior nos homens, as especificidades da doença no sexo feminino levaram a que o Dia Mundial da Diabetes, que se assinala hoje, fosse neste ano dedicado à mulher "Há algo que é exclusivo das mulheres, que é o facto de poderem desenvolver diabetes na gravidez. Quando acontece, é um sinal de aviso para que possam desenvolver diabetes cinco ou dez anos depois", afirma Rui Duarte, presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia. Segundo o especialista, a diabetes gestacional está a aumentar "Há critérios mais apertados, pelo que há mais diagnósticos; e as mulheres engravidam mais tarde, o que aumenta o risco, tal como a obesidade." Nas mulheres com mais de 40 anos, a prevalência sobe para os 15,9%.
Outra das especificidades, adianta Estevão Pape, coordenador do Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus (NEDM) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, é o facto de "as mulheres terem mais longevidade do que os homens". "O que se traduz em mais idosas do que idosos com diabetes", refere.
Por outro lado, refere, "são mais estáticas do que os homens, ou seja, no mundo urbano têm menos propensão para se movimentarem".
Atualmente, é estimado que 10,9% das mulheres vivam com diabetes em Portugal. Uma realidade que Ana Maria Agostinho, de 74 anos, conhece bem, uma vez que recebeuo diagnóstico há quase 20 anos. "Tinha alguns sintomas, como tonturas e boca seca. Fiz análises e descobriram que era diabetes tipo 2", recorda ao DN.
Não está dependente de insulina, mas tem de tomar cinco comprimidos por dia. "É necessário ter alguns cuidados com a alimentação, mas por vezes a tentação é maior", assume. Pica o dedo duas vezes por semana para medir a glicose, mas, "quando baixa, o corpo acusa logo". I.C.
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Autor: Joana Capucho
Temas: Aspartame/Refrescos e Cafeína
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